quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FIGURINO DE GUERRA

A profissão de repórter tem no seu histórico "glamouroso" (bem entre aspas mesmo) a cobertura de grandes guerras e situações de risco. Existem organizações internacionais que até contabilizam os jornalistas mortos em guerras e algumas que promovem o treinamento de equipes jornalísticas para essas situações. Só que aqui no Brasil não é muito comum ver, cotidianamente, todas as emissoras juntas em coberturas jornalísticas dessa natureza. E, lógico, o figurino de guerra, tomou conta da estética dos profissionais nesses dias de luta entre traficantes e policiais nos morros cariocas.

Coletes de todas as formas e modelos, uns mais chamativos do que outros, pularam nas telas das nossas casas. Eu acho difícil de se acostumar, mas entendo que faz parte do equipamento de proteção dos profissionais que arriscam os próprios pescoços para aumentar a audiência das emissoras (sem falar que também dá aquela pitada de charme nessa tal "profissão perigo").

Só que, claro, não sou só eu a perceber e comentar esse figurino. A Revista Piauí publicou no site uma sátira, uma grande brincadeira em estilo de análise - supostamente assinada pela consultora de moda Glória Kalil -  dos coletes e dos figurinos da imprensa brasileira nesses dias de guerrilha no Rio de Janeiro. Superficial, sem reflexões sobre noticiabilidade e funcionalidade dos trajes, o texto tira onda da vestimenta. Mesmo assim vale a pena dar uma lida, porque isso, no mínimo, está chamando atenção. Colei o texto na íntegra logo abaixo. Para ver a versão original basta clicar no link ao final do post.

Glorinha Kalil analisa moda violence-chic das emissoras de tevê
Glorinha optou pelo colete justo com épaulette, numa releitura bem-humorada da violência dos anos 80. Capacete com placa solar para o iPhone: readiness is all!
COMPLEXO DO ALEMÃO – A pedido de the piauí Herald, a consultora de moda Glorinha Kalil analisou – e comparou! – as tendências atrocity-trendy que vêm dominando os uniformes jornalísticos da tevê brasileira.Colete Globo:

 
Bellicose Madness! A Globo aposta em colete azul deep blue, com caimento collant sobre camisa social branca. Simples e funcional. Repare na metástase de pochetes.

Colete Band:

 
Brutal Black! Fugindo da mesmice, Band enfrenta Polegar com modelo tomara-que-caia. Mistura de texturas kevlar & velcro garantem certa virilidade. Letras em branco dão contaste à monotonia. Que venham os obuses! 

Colete Record:

 
Christian Soldiers! Brejeirice ton-sur-ton: conjuntinho básico com colete noir sobre camisetinha de mangas curtas confere sensualidade à repórter. Pulseira jungle wilderness da Zara completa o look.

Colete imprensa:

 
Hostile Frenzy! Texturas orgânicas e cores da terra dão serenidade ao combate. Charme e altruísmo da faixa em X que corre pelas costas: ao invés de atirar na polícia, bandido mira o jornalista.
Fonte: Revista Piauí


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

FIGURINO GESTANTE

Houve um tempo em que ficar grávida e ser repórter de telejornalismo eram coisas incompatíveis. Apresentadora então, nem pensar. As mulheres gestantes eram, de certa forma, meio que "obrigadas" a esconder a barriga e achar artifícios para continuar no vídeo durante esse período especial na vida da maioria das mulheres. O motivo disso? A boa e velha máxima de que a notícia tem que chamar mais atenção do que o repórter/apresentador... principalmente se esse profissional for do sexo feminino, não é por menos que o figurino "padrão" das mulheres do telejornalismo desde seus primórdios está relacionado diretamente à estética masculina: blazer, cabelo curto, voz grave... só que isso é assunto para outro post.

Esses eram tempos em que os cinegrafistas tinham que mudar o enquadramento para encaixar as repórteres de rua na passagem (aquela parte da reportagem onde o repórter aparece falando alguma coisa direto para a câmera) para que a barriga não aparecesse. Em alguns momentos o rosto parecia uma bola de tão grande e com o enquadramento tão fechado. As blusas pareciam camisolões de tão folgadas, para não denunciar (praticamente impossível) a barriga saliente da repórter. Para as que estavam no estúdio o trabalho era mais complicado, pelo menos tinham as bancadas, mesas cada vez mais raras no telejornalismo brasileiro. Elas serviam para "engavetar" a região abdominal das apresentadoras, claro que só até certo ponto. Depois as profissionais iam direto para o chuveiro, ou seja, para um trabalho nos bastidores até saírem de licença médica. Muitas ainda demoravam bastante para voltar ao vídeo depois do retorno ao trabalho. É que tinham que voltar a ser como antes para poderem se encaixar na estética anterior e ninguém de casa perceber que ela tinha mudado de corpo. Um tanto cruel mas bem real.

Ainda bem que esses tempos mudaram, que o diga Rosana Jatobá. A jornalista baiana que apresenta a previsão do tempo no Jornal Nacional está não apenas mostrando sua barriga de gêmeos no vídeo, fazendo todos os brasileiros acompanharem o processo de crescimento dos bebês, como está mudando hábitos e causando reboliço. Talvez até demais.



Os figurinos são um tanto inovadores para o ambiente telejornalístico : vestidos esvoaçantes, batas, saias mais compridas, cores diferentes...  além de um pretinho básico de vez em quando para variar.


Até a postura corporal dela mudou um pouco. Normal que seja assim, afinal a gestação é uma mudança tremenda para o corpo da mulher. O que mais chama minha atenção nisso tudo diz respeito a outro ponto: a repercussão midiática que essa gestação está tendo. Ela fazer um ensaio fotográfico e falar da gravidez em espaços como o site Ego ou para a revista Crescer, da Editora Globo, tudo bem. Até ser motivo de uma "pauta" (assim, bem entre aspas mesmo) do Video Show, também. Eles até presentearam a apresentadora com um tal "kit bebê", como vocês podem ver no vídeo abaixo.



Mas daí a chegar a ser comentado durante longos 1'41" dentro do Jornal Nacional é um tanto demais para mim. Esse é o tempo de uma reportagem completa, que daria para tratar um assunto bem mais relevante. Confiram no vídeo.



Vou acabar lançando uma campanha intitulada "menos tricotagem e mais espaço para notícias no telejornalismo brasileiro". Vai dar pra incluir tanta coisa...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

FIGURINO HUMORÍSTICO


Recordar é viver! E se for para relembrar imagens do saudoso programa TV Pirata da Rede Globo, sucesso humorístico dos anos 1980, melhor ainda. Eles faziam uma paródia de um casal que apresentava um telejornal. Os telespectadores de hoje podem ver esse vídeo e pensar que eles estavam brincando com a imagem famosa da dupla William Bonner e Fátima Bernardes do Jornal Nacional, mas se engana quem pensa assim. A dupla só assumiu junta a bancada em 1998, uns 10 anos depois desses episódios divertidos. Será que o pessoal da TV Pirata estava prevendo o que seria a dupla de maior sucesso na televisão brasileira? Um casal com poder simbólico tão forte e tão naturalizado junto à população capaz até de confundir a ideia de dupla de apresentadores de telejornal junto à população, que pensa que a maioria dos apresentadores de telejornal fazem também parceria conjugal na vida pessoal? Bom, se eles tinham bola de cristal para isso eu não sei, mas que os figurinos e tom o humorístico me diverte até hoje, isso é bem verdade.




Hoje também é engraçado ver como os figurinos desses apresentadores humorísticos eram tão "anos 80". Tinha tanta relação com a moda da época, não é? Só que essa é apenas mais uma prova de que a moda da época realmente estava nas bancadas dos telejornais e que essa era uma forma dos humoristas caracterizarem melhor seus personagens. Os cabelos, figurinos, maquiagem e acessórios dos jornalistas não eram muito diferente do usado por suas caricaturas. Da mesma forma que, apesar de hoje não percebermos, o figurino dos apresentadores também está inserido na moda atual. E nem precisa esperar décadas para ver isso. Daqui a alguns poucos anos será possível ver o quão esteticamente datado são os figurinos dos nossos apresentadores de hoje em dia. Esse assunto será retomado em detalhes mais adiante em outro post que está no forno (sobre a estética datada dos apresentadores, que a gente acaba naturalizando no dia-a-dia e nem percebe isso). Por enquanto, que tal uma pitada do humor do Casseta e Planeta na paródia do casal mais famoso do telejornalismo brasileiro? Ah! Reparem no figurino de frio da "Ótima Bernardes", falaremos sobre isso depois também. Até o próximo post.

sábado, 5 de junho de 2010

OFICINA DE FIGURINO PARA TELEJORNALISMO


Estou feliz! Esta semana vou participar de um dos maiores e mais importantes eventos científicos na área de comunicação do Nordeste, a Intercom Nordeste, que será em Campina Grande, justamente no período das festas juninas. Passar um friozinho agradável, rever os amigos, ir para uma festa junina de verdade e, mais importante de tudo, participar do evento. Dessa vez estou indo para apresentar um artigo e também para ministrar a Oficina de Figurino para Telejornalismo, mais um motivo de comemoração.

O artigo é uma reflexão conceitual sobre moda, corpo, comunicação e figurino, não necessariamente nessa ordem. Intitulado Identidade Visual do Telejornalista: Uma reflexão conceitual sobre o do papel do corpo e do figurino na apresentação dos telejornais, o trabalho será apresentado na Divisão Temática Interfaces Comunicacionais, no sábado dia 12 de junho, por volta das 14h (o evento vai de 10 a 12 de junho). Quem quiser conferir o texto na íntegra depois é só acessar o site da Intercom e acessar os Anais do congresso.

Já a oficina será ministrada na sexta e no sábado à tarde, das 14h às 18h (no sábado um pouco mais tarde por causa da apresentação do artigo). Antecipo aqui algumas coisas que serão conversadas por lá.

Ementa da oficina: Corpo e comunicação. Roupa, moda e comunicação. Conceitos de figurino. Intencionalidade da roupa. Figurino para televisão e figurino para o telejornalista. Credibilidade através da vestimenta. Cortes de cabelo, pentados, maquiagem e roupas adequadas para a função de jornalista de televisão. Erros mais comuns. Tons de roupa que combinam com cada tipo de pele e também os tons de roupa indicados para cada horário do dia. A relação entre o figurino de telejornal com a moda e com o clima. Diferenças e semelhanças entre figurino para externa e para estúdio. A relação do figurino com o cenário e com o telejornal apresentado.

Conteúdo Programático:

Parte I

  • Corpo e comunicação
  • Moda e comunicação
  • O que é figurino
  • O figurino para telejornalismo (mitos/história/padronização/masculinização)
  • Exemplos de outros países
  • Figurino e credibilidade
  • O figurino e o túnel do tempo
  • A ditadura da juventude
  • A ditadura do cabelo liso
  • O significado das cores
  • O significado das formas
  • O significado dos tecidos

Parte II

  • Figurino de estúdio x Figurino de externa
  • Figurino x tipo físico
  • Figurino x tom de pele
  • Figurino x cenário
  • Figurino x tipo de telejornal
  • Figurino x moda (modismos/tendências)
  • Figurino x $$$$
  • Guarda-roupa básico (Masculino e Feminino)
  • Maquiagem básica (Masculina e Feminina)
  • Jeans pode?
  • Acessórios (óculos/brincos/pulseiras/anéis/colares/broches/lenços)
  • Cabelos (cortes/penteados/barba/bigode/sobrancelhas/acessórios)
  • Maquiagem (os 10 mandamentos)
  • Figurinos especiais (coberturas esportivas/carnaval/chuva/países mulçumanos/praia)
  • Mudanças para a TV Digital
  • Dicas de livros

Em tempo: A Intercom Nordeste é o Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, evento regional da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, que todos os anos realiza eventos regionais e nacionais em diferentes cidades do país. Podem participar pesquisadores e estudantes de comunicação e áreas correlatas. Os alunos de graduação participam da Intercom Júnior e do Expocom, os demais pesquisadores (mestrandos/doutorandos/professores/etc) participam das Divisões Temáticas.

terça-feira, 18 de maio de 2010

BRINCO FANTÁSTICO

Essa é antiga mas vale a pena. Em meados de junho de 2007, Glória Maria, na época apresentadora do Fantástico, minimizou as possibilidades desastrosas de um brinco grande para apresentação do programa ao vivo. Como nesse dia ela estava até "discreta" para os padrões da revista eletrônica, famosa por figurinos muito chamativos, resolveu investir num acessório grande e pesado. O resultado pode ser visto nesse vídeo logo abaixo. Reparem que ela fica segurando o brinco até o final. Eu tenho a impressão de que ele ficou dentro do vestido. Alguém tem alguma dúvida de que isso dificultou que a gente prestasse ateção ao que ela estava falando?





Só que, por incrível que pareça, o episódio não serviu de exemplo para outros profissionais. Todos os dias vemos apresentadoras de telejornais (que não é o caso do Fantástico, já que se trata de uma "Revista Eletrônica") desafiando a lei da gravidade e o conceito de que a notícia deve aparecer mais do que o jornalista.


quinta-feira, 1 de abril de 2010

FIGURINO FANTÁSTICO


Eu sempre me neguei a fazer análises mais profundas dos figurinos dos apresentadores do Fantástico. E fiz isso com base nas opções de pesquisa e de estudo que fui tomando ao longo do tempo. Minha especialidade é tentar compreender o figurino dos apresentadores de programas telejornalísticos, e o Fantástico não se enquadra exatamente nesse tipo de programa. Ele é um programa híbrido, co-produzido pela Central Globo de Jornalismo e a Central Globo de Produção (que cuida das telenovelas e dos programas de entretenimento, por exemplo). Eu tomo como base a definição do simpático professor Carlos Aronchi, no livro Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira, que define programas de telejornalismo como "programas de debate e entrevista, mediados pelos jornalistas da rede, e também os documentários e reportagens especiais, que ocupam os departamentos de jornalismo das emissoras" (p.152). No Fantástico cabe mais coisa, como esquetes, humor, interpretações, brincadeiras, o que o transforma num programa, a meu ver, de entretenimento informativo. Por isso o formato suporta tantas experimentações, não apenas de conteúdo como também na vestimenta. E isso não é de hoje, desde os tempos de Glória Maria as roupas usadas por ela causavam inquietação e furor entre muitos telespectadores.


Resolvi abordar o tema (ainda que de forma superficial) depois que meu amigo Thiago Neves me trouxe a revista Veja desta semana (obrigada!!!). Na sessão intitulada Gente, a revista traz a jornalista e apresentadora Patrícia Poeta (reprodução ao lado) comentando o que veste e como ela tem usado a opinião dos telespectadores através do seu Twitter. Na nota ela explica que nas quartas-feiras, dia em que decide os figurinos que vai usar no domingo, recebe vários palpites relacionas a cores e peças que deveria usar, e chega a aceitar as dicas de vez em quando. Ela conta que recebe também peças de pequenas confecções de todo o Brasil, antenadas na possibilidade de aparecer num dos programas mais antigos e de maior audiência da televisão brasileira. A jornalista diz que, se acha bonitinho, ela usa e - detalhe - devolve tudo! Confesso que só não entendi a relação que ela fez entre ter morado em Nova York e entender de moda: "Morei cinco anos em Nova York. Entendo do assunto". Tudo bem que a cidade é um dos maiores pólos internacionais de moda, mas o simples fato de ter morado lá o tempo que for não faz de ninguém um profundo conhecedor do assunto.

Aqui já falamos sobre o William Bonner escolhendo as gravatas que usa no Jornal Nacional pelo Twitter. Agora Patrícia Poeta vai pelo mesmo caminho. Lembrei de Gilles Lipovetsky, no clássico livro sobre a moda, O Império do Efêmero: a moda e seu papel nas sociedades modernas, falando sobre o papel dos artistas e das estrelas midiáticas na sociedade da moda. "As estrelas eram modelos, tornaram-se reflexos; queremos estrelas 'boa gente', última fase da dissolução democrática das alturas acarretada pelo código da proximidade comunicacional, da descontração, do psicologismo" e mais na frente acrescenta "Quanto mais as estrelas se banalizam, mais investem em diferentes formas de mídia. Paralelamente aos multimídia, as multiestrelas" (p. 217). Apesar de ter sido escrito originalmente em 1987, a reflexão parece acertar em cheio os dias de hoje, cheios de estrelas/jornalistas/apresentadores/twitteros, cada vez mais preocupados em manter relações próximas e íntimas com quem está do lado de lá, numa luta armada para manter a audiência que já existe, tentar aumentá-la ainda mais e se manter em referência constante numa era que as novas gerações se prendem mais à tela do computador do que à da TV.

Para quem quiser saber mais sobre o Figurino Fantástico, numa reportagem exibida pelo programa Video Show em julho do ano passado, Patrícia Poeta mostra um pouco do guarda-roupa do programa, suas peças favoritas e otras cositas más. O vídeo, esse aí abaixo, mostra também o pouco do trabalho da assessora de moda dos profisisonais de jornalismo da Rede Globo, Regina Martelli, que já foi assunto aqui no blog.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FARDA PARA O CARNAVAL

Durante muito tempo, usar camisetas da emissora como uma espécie de identificação do profissional de televisão em coberturas jornalísticas externas foi de exclusividade das equipes de bastidores. Cinegrafistas, assistentes, iluminadores, motoristas e técnicos há anos vão para a rua com blusas com a logomarca e até mesmo o nome da emissora na qual trabalham.

A moda de fazer camisetas para os repórteres nas coberturas especiais é mais recente e surgiu no esporte. Com o tempo foi se alastrando para outros eventos grandes, como o Carnaval. Todos os anos as principais emissoras de TV do país mandam fazer camisetas para os repórteres apresentarem notícias relativas à maior festa popular do país.

Na prática, isso ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. No meio da multidão fica mais fácil identificar a equipe e se diferenciar da massa que em geral faz o pano de fundo da imagem. Para quem está assistindo em casa, pode passar a impressão de equipe conjunta, coesa, na mesma sintonia. Mas muitas redações recomendam que o repórter use a blusa unicamente nas matérias relacionadas à data especial, excluindo seu uso em coberturas de outras naturezas, mesmo que elas ocorram no período festivo. Isso nem sempre dá certo.

Já presenciei na minha vida profissional em telejornalismo um repórter que estava na cobertura do feriado de carnaval, usando a camiseta festiva, e teve que, de última hora, registrar um crime. Acabou fazendo uma passagem com a camiseta do evento dentro de um presídio e foi duramente criticado pelos seus chefes. Isso demonstra, na minha opinião, como esse uso pode ser confuso e provocar problemas de trabalho. Teoricamente o repórter deve ir trabalhar vestido de maneira padrão para qualquer tipo de notícia, de um evento político, passando para um cultural ou para uma trajédia. As blusas de carnaval se enquadram nesse perfil? Ou o repórter teria que ir para a rua com uma camisa extra para trocar nessas situações? (O que, sem dúvida, dificultaria o andamento do trabalho já que na correria do dia-a-dia da externa isso seria um contratempo, sem falar que às vezes as repórteres do sexo feminino podem não encontrar lugar para se trocar). Ou ainda, será que qualquer coisa que acontece nesse período deveria ser registrada sem problemas com a blusa especial, já que, afinal de contas, o feriado é esse mesmo?

É bem verdade que sempre se tem a opção de fazer a reportagem sem passagem, mas é verdade também que assim ela fica mais pobre e mais cansativa para o telespectador. Fica a minha reflexão. As “fardas” para cobertura de eventos especiais ajudam ou atrapalham o profissional de telejornalismo?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A DAMA DO "PADRÃO GLOBO" DE FIGURINO



Quem está inserido no mundo da moda já deve ter ouvido falar nela. Quem se preocupa com a imagem no profissional de telejornalismo, especialmente se tiver algum vínculo com a Rede Globo, mesmo que em afiliadas, também. Regina Martelli é jornalista e consultora de moda, está à frente da consultoria de imagem dos jornalistas de Rede Globo há 13 anos. Além disso, tem uma longa carreira no jornalismo de moda, que exerce até hoje.

Desde que comecei a pesquisar o tema Moda e Telejornalismo ela tem sido uma busca constante. Pretendo conseguir uma entrevista com ela ainda este ano e até lá busco informações nas fontes às quais tenho acesso. A primeira entrevista que encontrei com ela foi essa aqui, do Balaio Virtual, de alguns anos atrás. Vez por outra ela aparece na Globo e mais recentemente também no G1 e na GNT mostrando um pouco do seu trabalho. Recentemente saiu no catálogo de moda de uma grife de fortaleza, a Folic, disponível para visualização clicando aqui, dando uma entrevista. Parece que a fronteira entre jornalista e artista não está sendo ultrapassada apenas pelos profissionais que aparecem cotidianamente no vídeo. Veja um trecho abaixo.

Tenho também um DVD de uma videoconferência dela do tempo que trabalheva na TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo de João Pessoa (um dia ainda transformo esse DVD em arquivo digital e disponibilizo aqui). Em todas essas fontes tenho sempre a mesma impressão, de que ela trata o assunto da moda do telejornalista de maneira superficial, sempre no tom do "certo e errado", nunca com reflexões ou questionamentos sérios sobre o assunto. Eu sei que na maioria dos casos é só isso mesmo que o jornalista quer, informações do tipo de manual, mas acredito que ela deva ter opinições reflexivas sobre aquilo que propõe que os outros façam (ou deveriam fazer) e a mensagem que aquilo tem junto à população ao longo de anos de "padrões" que na maioria das vezes não têm relação nenhuma com o que as pessoas usam em determinados lugares. Espero poder descobrir isso pessoalmente. Para quem ainda não conhece o trabalho de Regina Martelli, essa entrevista abaixo gravada por Giane Albertone mostra um pouco da carreira e do que ela faz.


TELEJORNALISMO E MODA NO CEARÁ

A TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo em Fortaleza, está em ritmo de comemoração. São 40 anos de fundação da emissora. Graças à minha sempre maravilhosa rede de amigos espalhados pelo Brasil, que de vez em quando me mandam coisas ótimas para a minha pesquisa, tive acesso à essa reportagem especial exibida por eles sobre a moda dos apresentadores e repórteres de lá. Para assistir ao vídeo é só clicar na imagem abaixo.


Fiquei muito feliz por enfim ver uma emissora de TV assumindo coisas que em geral não se assumem sobre a imagem dos apresentadores e repórteres. Mas também me entristeceu perceber a perpetuação de questões que, na minha opinião, não deveriam mais ocorrer a essa altura do campeonato.

Pontos positivos:

1 – O VT começa assumindo que o que aparece no vídeo através dos apresentadores e repórteres vira moda, influencia pessoas, chama atenção. Para muitos pode parecer óbvio que isso ocorra, mas por incrível que pareça é justamente esse o questionamento que mais me fazem quando explico minha pesquisa. “E tem alguém que preste atenção no figurino dos jornalistas?” Ô se tem! Só para citar um exemplo, além da matéria da TV Verdes Mares, na minha pesquisa para a monografia da Especialização identifiquei que a totalidade, isso mesmo, 100% das apresentadoras e repórteres entrevistadas já tinham recebido algum comentário de telespectadores sobre seus figurinos.

2 – Afirmar que os jornalistas de TV seguem as tendências de cada época. Ainda tem gente que acha que jornalista de TV vive numa bolha e que o que ele veste hoje poderia ser usado da mesma forma daqui a 20 anos ou 20 anos atrás e que ninguém iria perceber que ele estava com uma roupa de um período específico no tempo.

3 – Dizer que o importante é a notícia. Com os jornalistas virando artistas, e vice versa, fica cada vez mais esquecido que o mais importante em um noticiário televiviso deveria ser o conteúdo noticioso. Por isso os figurinos não deveriam ser, teoricamente, exagerados.

4 – Mostra o excelente (e infelizmente ainda raro) exemplo da TV Verdes Mares, que tem um setor de moda e figurino com profissionais capacitados para isso (estilistas/figurinistas/consultores de moda) dentro da própria TV.

5 – Mostra a importância da adaptação do figurino e da maquiagem com a chegada da TV em alta definição, um ponto que parece ainda ser desimportante para muitos profissionais do ramo Brasil afora.

Pontos negativos:

1 – Negar que o jornalista siga tendências hoje, em contradição ao que foi dito no item positivo 2. Claro que ainda segue e vai continuar seguindo, porque o indivíduo, seja ele qual for, está inserido numa sociedade. A moda vigente naquela época é uma questão de comportamento cotidiano. Daqui há 10 ou 20 anos vai ser fácil identificar as tendências de época assistindo aos telejornais de hoje. É como olhar aquela foto sua de 10 anos atrás e se perguntar "como eu usava esse tipo de coisa e nem me dava conta disso?". Simples, era moda, todo mundo usava.

2 – Ainda hoje existem muitos telejornalistas que usam barba e nem por isso deixam de estar com boa aparência. Um dia escrevo um post sobre isso.

3 – Ainda hoje o salário dos jornalistas é pouco e em MUITAS emissoras as roupas, acessórios e maquiagem ainda saem do bolso dos profissionais.

4 – Ainda hoje, na maioria das emissoras do país, não há treinamento específico para isso e a vestimenta continua sendo algo instintivo, feito por repetição e por "achismo", com base naquilo que cada um e no máximo seus colegas de trabalho acham que deve ou não deve ser usado.

5 – Não se contesta a imposição de "padrões", mesmo que eles não tenham nada a ver com o clima ou com o perfil estético e étnico de quem os veste, mesmo que o clima não favoreça esse tipo de roupa, mesmo que os jornalistas e as empresas não possam bancar esse tipo de figurino. Se, como afirma a reportagem, o que o telejornalista veste vira moda, estaríamos então praticando uma moda racista no telejornalismo brasileiro?

6 - E ninguém fala da tal da obrigatoriedade informal de usar o cabelo liso. Ela não tem nenhuma justificativa. 7 em cada 10 mulheres brasileiras têm o cabelo crespo, cacheado ou ondulado. Não existe nenhuma limitação técnica pra isso, como muitos afirmam. E se o telejornalista segue tendências, a moda faz tempo que está cheia de cabelos cacheados, até na protagonista da novela das oito. Mas cadê isso nos nossos telejornais. Esse assunto também merece um post no futuro. Aguardem.

De qualquer forma, parabéns à TV Verdes Mares por tratar esse assunto de forma séria, como acredito que deva ser sempre. Sim, e obrigada à professora Maria Érica, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia, que lembrou de mim e me avisou desse VT e de outras coisas interessantes para minha pesquisa que rolaram lá em Fortaleza. Thanks!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ESPECIALIZAÇÃO EM TELEJORNALISMO

Eu acho que um dos maiores problemas do telejornalismo brasileiro, em especial do paraibano (e porque não dizer de qualquer estado com poucos cursos na área), é a falta de formação profissional específica para o meio. E o figurino para telejornalismo passa diretamente por isso, mas não só ele. O telejornalismo cresceu muito, as emissoras surgem por toda parte, os oligopólis diminuem (ainda bem) e é possível até fazer uma programação "televisiva" personalizada e divulgar pela internet. Poderes públicos, Ongs e empresas já estão descobrindo essas vantagens de montar uma programação de TV com baixos custos e as "emissoras online" se multiplicam pela internet.
Pessoas comuns, através de seus blogs, também passam a fazer seus videocasts e valorizar seu próprio passe, uma espécie de marketing pessoal pós-moderno (nesses dias eu coloco o meu por aqui, está em fase de concepção). Sem falar que conhecer internamente o mecanismo de funcionamento de uma emissora de TV também pode se tornar uma grande arma em benefício do trabalho dos assessores de imprensa, que podem assim visualizar melhor a forma de direcionar suas abordagens.

Pensando nisso, o C&E, Centro de Ensino, Preparatório e Profissionalizante, em parceria com a Universidade Potiguar (UnP), está lançando o primeiro curso de Especialização em Telejornalismo da Paraíba. Eu estou lá no corpo docente, ministrando a disciplina de Figurino para Telejornalismo. A maioria dos professores vem de fora e tem grande conhecimento do mercado. É só conferir no curriculo resumido dos professores, no final desse post.

Sobre o curso
As aulas começam em algumas semanas, as matrículas estão abertas e o curso é voltado para qualquer pessoa que tenha graduação, independente da área. O curso vai preparar profissionais para exercerem diversas funções dentro de uma redação de televisão, tratar da gestão de material telejornalístico e dos estudos de audiência e destaca as novidades tecnológicas, suas influências no exercício da profissão do jornalista, em especial do Telejornalista, bem como a necessidade de atualização profissional, num mundo inserido em constantes mudanças. O curso tem o objetivo levar aos alunos conteúdos modernos e coerentes com o que há de mais atual no mercado, baseando-se em critérios de excelência mundialmente aceitos.

A Especialização em Telejornalismo está com as matrículas abertas e as aulas terão início em fevereiro de 2010, com a duração de aproximadamente 15 (quinze) meses, incluindo-se os 3 (três) meses para a elaboração da monografia. As disciplinas serão ministradas em regime de aulas presenciais e quinzenais, sábados (manhã e tarde) e domingos, pela manhã. Ao concluí-lo, o aluno terá domínio da teoria e principalmente da prática para o bom exercício do trabalho telejornalístico, seja ele nas funções de produtor, repórter, apresentador ou editor, abrangendo também a parte administrativa da redação e dos produtos telejornalísticos. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site www.centroensino.com.br ou pelo telefone (83) 3246 8199.

Mais detalhes
- Ementa das disciplinas