segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FARDA PARA O CARNAVAL

Durante muito tempo, usar camisetas da emissora como uma espécie de identificação do profissional de televisão em coberturas jornalísticas externas foi de exclusividade das equipes de bastidores. Cinegrafistas, assistentes, iluminadores, motoristas e técnicos há anos vão para a rua com blusas com a logomarca e até mesmo o nome da emissora na qual trabalham.

A moda de fazer camisetas para os repórteres nas coberturas especiais é mais recente e surgiu no esporte. Com o tempo foi se alastrando para outros eventos grandes, como o Carnaval. Todos os anos as principais emissoras de TV do país mandam fazer camisetas para os repórteres apresentarem notícias relativas à maior festa popular do país.

Na prática, isso ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. No meio da multidão fica mais fácil identificar a equipe e se diferenciar da massa que em geral faz o pano de fundo da imagem. Para quem está assistindo em casa, pode passar a impressão de equipe conjunta, coesa, na mesma sintonia. Mas muitas redações recomendam que o repórter use a blusa unicamente nas matérias relacionadas à data especial, excluindo seu uso em coberturas de outras naturezas, mesmo que elas ocorram no período festivo. Isso nem sempre dá certo.

Já presenciei na minha vida profissional em telejornalismo um repórter que estava na cobertura do feriado de carnaval, usando a camiseta festiva, e teve que, de última hora, registrar um crime. Acabou fazendo uma passagem com a camiseta do evento dentro de um presídio e foi duramente criticado pelos seus chefes. Isso demonstra, na minha opinião, como esse uso pode ser confuso e provocar problemas de trabalho. Teoricamente o repórter deve ir trabalhar vestido de maneira padrão para qualquer tipo de notícia, de um evento político, passando para um cultural ou para uma trajédia. As blusas de carnaval se enquadram nesse perfil? Ou o repórter teria que ir para a rua com uma camisa extra para trocar nessas situações? (O que, sem dúvida, dificultaria o andamento do trabalho já que na correria do dia-a-dia da externa isso seria um contratempo, sem falar que às vezes as repórteres do sexo feminino podem não encontrar lugar para se trocar). Ou ainda, será que qualquer coisa que acontece nesse período deveria ser registrada sem problemas com a blusa especial, já que, afinal de contas, o feriado é esse mesmo?

É bem verdade que sempre se tem a opção de fazer a reportagem sem passagem, mas é verdade também que assim ela fica mais pobre e mais cansativa para o telespectador. Fica a minha reflexão. As “fardas” para cobertura de eventos especiais ajudam ou atrapalham o profissional de telejornalismo?

Um comentário:

  1. Embora fardas sejam causadoras de deliciosos fetiches, o velho e conhecido ser humano não exerce sua plenitude fardado...
    Uniformes são sistemáticos, geometrizam a realidade, defendem o ideário do 'controle'.
    Fardas funcionam em empresas, 'in loco'; é uma 'face' criada para alimentar o desejo de se chegar à perfeição: homens iguais, exoressando-se do mesmo jeito - máquinas. É uma máscara arbitrária, convencionada a partir dos objetivos comerciais da empresa... 'o velho comércio'!
    Quando partimos para o mundo real, para os 'carnavais' e 'canaviais', de onde os jornalistas extraem a notícia, penso eu, muito leigamente, que deve-se adotar sempre a neutralidade... ela não ultrapassa, não esbarra em dores alheias, e até comunga com alguns princípios jornalísticos, como a imparcialidade, a impessoalidade...
    Mas não sou especialista em nada, nem jornalista... sou amigo, quase irmão da 'dona' desta casa virtual.
    A quem muito devo.

    Fica um beijo e a promessa de retorno breve.
    Gostei de tudo. Parabéns!

    Estou seguindo o seu blog;
    Sua página está entre as minhas indicações;
    Passa lá, nas "Curvas da palavra" - meu blog.

    Ricardo Fabião

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