quinta-feira, 1 de abril de 2010

FIGURINO FANTÁSTICO


Eu sempre me neguei a fazer análises mais profundas dos figurinos dos apresentadores do Fantástico. E fiz isso com base nas opções de pesquisa e de estudo que fui tomando ao longo do tempo. Minha especialidade é tentar compreender o figurino dos apresentadores de programas telejornalísticos, e o Fantástico não se enquadra exatamente nesse tipo de programa. Ele é um programa híbrido, co-produzido pela Central Globo de Jornalismo e a Central Globo de Produção (que cuida das telenovelas e dos programas de entretenimento, por exemplo). Eu tomo como base a definição do simpático professor Carlos Aronchi, no livro Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira, que define programas de telejornalismo como "programas de debate e entrevista, mediados pelos jornalistas da rede, e também os documentários e reportagens especiais, que ocupam os departamentos de jornalismo das emissoras" (p.152). No Fantástico cabe mais coisa, como esquetes, humor, interpretações, brincadeiras, o que o transforma num programa, a meu ver, de entretenimento informativo. Por isso o formato suporta tantas experimentações, não apenas de conteúdo como também na vestimenta. E isso não é de hoje, desde os tempos de Glória Maria as roupas usadas por ela causavam inquietação e furor entre muitos telespectadores.


Resolvi abordar o tema (ainda que de forma superficial) depois que meu amigo Thiago Neves me trouxe a revista Veja desta semana (obrigada!!!). Na sessão intitulada Gente, a revista traz a jornalista e apresentadora Patrícia Poeta (reprodução ao lado) comentando o que veste e como ela tem usado a opinião dos telespectadores através do seu Twitter. Na nota ela explica que nas quartas-feiras, dia em que decide os figurinos que vai usar no domingo, recebe vários palpites relacionas a cores e peças que deveria usar, e chega a aceitar as dicas de vez em quando. Ela conta que recebe também peças de pequenas confecções de todo o Brasil, antenadas na possibilidade de aparecer num dos programas mais antigos e de maior audiência da televisão brasileira. A jornalista diz que, se acha bonitinho, ela usa e - detalhe - devolve tudo! Confesso que só não entendi a relação que ela fez entre ter morado em Nova York e entender de moda: "Morei cinco anos em Nova York. Entendo do assunto". Tudo bem que a cidade é um dos maiores pólos internacionais de moda, mas o simples fato de ter morado lá o tempo que for não faz de ninguém um profundo conhecedor do assunto.

Aqui já falamos sobre o William Bonner escolhendo as gravatas que usa no Jornal Nacional pelo Twitter. Agora Patrícia Poeta vai pelo mesmo caminho. Lembrei de Gilles Lipovetsky, no clássico livro sobre a moda, O Império do Efêmero: a moda e seu papel nas sociedades modernas, falando sobre o papel dos artistas e das estrelas midiáticas na sociedade da moda. "As estrelas eram modelos, tornaram-se reflexos; queremos estrelas 'boa gente', última fase da dissolução democrática das alturas acarretada pelo código da proximidade comunicacional, da descontração, do psicologismo" e mais na frente acrescenta "Quanto mais as estrelas se banalizam, mais investem em diferentes formas de mídia. Paralelamente aos multimídia, as multiestrelas" (p. 217). Apesar de ter sido escrito originalmente em 1987, a reflexão parece acertar em cheio os dias de hoje, cheios de estrelas/jornalistas/apresentadores/twitteros, cada vez mais preocupados em manter relações próximas e íntimas com quem está do lado de lá, numa luta armada para manter a audiência que já existe, tentar aumentá-la ainda mais e se manter em referência constante numa era que as novas gerações se prendem mais à tela do computador do que à da TV.

Para quem quiser saber mais sobre o Figurino Fantástico, numa reportagem exibida pelo programa Video Show em julho do ano passado, Patrícia Poeta mostra um pouco do guarda-roupa do programa, suas peças favoritas e otras cositas más. O vídeo, esse aí abaixo, mostra também o pouco do trabalho da assessora de moda dos profisisonais de jornalismo da Rede Globo, Regina Martelli, que já foi assunto aqui no blog.

4 comentários:

  1. Doidêra, eu achei muitos vestidos bregas, viu? E a maioria 'over'. Não é estranho ela usar tantos decotes? A notícia não perde confiança e respeito não?

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  2. Olá Agda. Sou estudante do curso de graduação em Comunicação Social da UEPB e diretora de eventos do Centro Acadêmico Vladmir Herzog. Gostaria de convidá-la para realizar uma palestras na quarta, dia 7, em comemoração ao dia do Jornalista. Seria um prazer.
    Desde já, eu agradeço.

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  3. Oi Evellyn. Obrigada pelo convite, fico muito feliz. Como faço pra falar com você?

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  4. gente, e essa mulher ainda diz que entende do assunto. Um time de umas 7 pessoas que sai procurando vestido p ela usar. Nao gostei desse estilo, nao achei versátil nem apropriado.

    pra mim moda é acima de tudo atitude, mas vai ver nesse mundo da televisao atitude é coisa secundária...rsrsrsrs

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