quinta-feira, 11 de novembro de 2010

FIGURINO GESTANTE

Houve um tempo em que ficar grávida e ser repórter de telejornalismo eram coisas incompatíveis. Apresentadora então, nem pensar. As mulheres gestantes eram, de certa forma, meio que "obrigadas" a esconder a barriga e achar artifícios para continuar no vídeo durante esse período especial na vida da maioria das mulheres. O motivo disso? A boa e velha máxima de que a notícia tem que chamar mais atenção do que o repórter/apresentador... principalmente se esse profissional for do sexo feminino, não é por menos que o figurino "padrão" das mulheres do telejornalismo desde seus primórdios está relacionado diretamente à estética masculina: blazer, cabelo curto, voz grave... só que isso é assunto para outro post.

Esses eram tempos em que os cinegrafistas tinham que mudar o enquadramento para encaixar as repórteres de rua na passagem (aquela parte da reportagem onde o repórter aparece falando alguma coisa direto para a câmera) para que a barriga não aparecesse. Em alguns momentos o rosto parecia uma bola de tão grande e com o enquadramento tão fechado. As blusas pareciam camisolões de tão folgadas, para não denunciar (praticamente impossível) a barriga saliente da repórter. Para as que estavam no estúdio o trabalho era mais complicado, pelo menos tinham as bancadas, mesas cada vez mais raras no telejornalismo brasileiro. Elas serviam para "engavetar" a região abdominal das apresentadoras, claro que só até certo ponto. Depois as profissionais iam direto para o chuveiro, ou seja, para um trabalho nos bastidores até saírem de licença médica. Muitas ainda demoravam bastante para voltar ao vídeo depois do retorno ao trabalho. É que tinham que voltar a ser como antes para poderem se encaixar na estética anterior e ninguém de casa perceber que ela tinha mudado de corpo. Um tanto cruel mas bem real.

Ainda bem que esses tempos mudaram, que o diga Rosana Jatobá. A jornalista baiana que apresenta a previsão do tempo no Jornal Nacional está não apenas mostrando sua barriga de gêmeos no vídeo, fazendo todos os brasileiros acompanharem o processo de crescimento dos bebês, como está mudando hábitos e causando reboliço. Talvez até demais.



Os figurinos são um tanto inovadores para o ambiente telejornalístico : vestidos esvoaçantes, batas, saias mais compridas, cores diferentes...  além de um pretinho básico de vez em quando para variar.


Até a postura corporal dela mudou um pouco. Normal que seja assim, afinal a gestação é uma mudança tremenda para o corpo da mulher. O que mais chama minha atenção nisso tudo diz respeito a outro ponto: a repercussão midiática que essa gestação está tendo. Ela fazer um ensaio fotográfico e falar da gravidez em espaços como o site Ego ou para a revista Crescer, da Editora Globo, tudo bem. Até ser motivo de uma "pauta" (assim, bem entre aspas mesmo) do Video Show, também. Eles até presentearam a apresentadora com um tal "kit bebê", como vocês podem ver no vídeo abaixo.



Mas daí a chegar a ser comentado durante longos 1'41" dentro do Jornal Nacional é um tanto demais para mim. Esse é o tempo de uma reportagem completa, que daria para tratar um assunto bem mais relevante. Confiram no vídeo.



Vou acabar lançando uma campanha intitulada "menos tricotagem e mais espaço para notícias no telejornalismo brasileiro". Vai dar pra incluir tanta coisa...

Um comentário:

  1. Agda querida,tudo bem?Fiz o twitter do blog e agora tenho mais um meio de comunicação,eba!!!

    Bj,
    Luzi
    @dsapatilha
    www.de-sapatilha.blogspot.com

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